verdades cruéis
Um sítio onde as verdades serão sempre ditas e esclarecidas... a minha verdade e o meu mundo!
terça-feira, setembro 21, 2004
LYDIA LUNCH
Lydia Lunch,uma das grandes mulheres da cultura alternativa americana,vem a Lisboa no dia 25 para uma performance de spoken word.Eu finalmente vou vê-la,e estou ansiosa por isso...Ela é uma verdadeira artista,ela alastrou-se para todas as manifestações possíveis como as artes plásticas,representações em filmes obscuros e escrita de livros,a unir a isto tudo,esteve sempre a sua obsessão por sexo.
«Quem não é obsecado por sexo?Só que eu admito falar sobre ele.O sexo é a nossa grande força motora.Foi o sexo que nos colocou nesta vida.E se formos sortudos,será durante o acto sexual que morreremos.Trata-se da sensação mais gloriosa que o ser humano pode provocar.É a raiz da nossa essência.O que pretendo é dar voz á minoria de pessoas obcecadas pelo amor na sua forma mais violenta;quero dizer-lhes que não estão sozinhas».
«Não sou uma educadora,mas há sempre uma pertinência no que digo.Não pretendo dizer nada que choque,apenas conto a minha vida e o que me leva a esse comportamento.Continuarei a provocar e a estimular os outros,porque essa é a minha natureza.Não sou propriamente uma performer que suba ao palco para mostrar as mamas, embora esteja muito orgulhosa das minhas».
«Sou muito optimista, mas não em relação ao mundo.Como kafka diz:"há esperança,mas não para nós."Apesar do sofrimento psicológico,físico ou económico,rebelo-me para que se encontre alguma forma de paz através da libertação mais extrema de energias.Faço-o sem me esconder ou me intimidar.Pretendo despertar no outro a paixão e o desejo de sobrevivência.É para isso que continuo a criar.Acho-me uma pessoa muito optimista,mas em termos de análise global,acho o mundo tão previsível,tão repetitivo e tão ridículo...É na esfera privada que tenho que encontrar alguma forma de utopia e de paixão para combater todos aqueles que nos tentam matar a todos os segundos».
«Sou uma humanista raivosa.Os meus assuntos não se restringem à perspectiva feminista que é uma conotação demasiado genérica para mim.A mulher precisa de se emancipar para que a segregação sexual datado do tempo dos meus pais seja derrubada.Tenho que me rebelar pelas mais jovens que sofrem os efeitos de um capitalismo que incentiva ao desequilíbrio entre os sexos».
e o que se avizinha no espétaculo de dia 25?
«Os assuntos que falarei serão os mesmos de sempre,de há 25 anos até,provalmente,á minha morte:Obsessão,Romance negro,Violência,Toxicodependência,Guerra e a Batalha dos sexos.O mais importante numa ocasião como esta é a permissão de liberdade para que a criatividade no momento ocorra.Será uma coisa que só acontecerá uma vez e que será apenas testemunhada pelas pessoas que estiverem naquela sala,naquela noite».
"With a magical voice that is rough, sexy, sarcastic and so very New York, performance artists Lydia Lunch delivers scalding spoken word performances that take the listener into a world of desperation, brutality and inner urban moral and ethical decay. Her stories are mesmeric and poisonous, her characters infused with a kind of diabolical energy that makes them frightening even when they are pathetic."
* Bridget Haire
segunda-feira, setembro 20, 2004
domingo, setembro 19, 2004
ANTÍDOTO
O contexto é a vida numa pequena aldeia no interior de Portugal,num tempo desligado do tempo real.
A existência é algo individual que,cada um vive e sofre individualmente,de acordo com os seus sentimentos,os seus medos e as suas certezas.
O nascer,o seduzir e o afirmar.A vontade de vencer e o medo de perder.O incerto.A raiva de não ter e o possuir freneticamente.O cansaço e apatia de ter.O consenso.As antigas histórias sussurradas.
Religiosidades.O morrer.A alegria de viver.
Tendo como ponto de partida a definição e caracterização psicológica de cada um dos sete personagens,que habitam este ambiente,criam-se histórias e pontos de ligação entre eles,como se todos fizessem parte de um velho ritual que aceitam,cumprem e perpetuam,sabendo que,contudo,de cada vez que o cumprem o poderiam alterar.
Companhia Rui Lopes Graça
http://www.cnb.pt
segunda-feira, setembro 13, 2004
Intenções para CONFIDENCIAL
Pretendo nesta nova peça chegar ao limite.Não sei ainda bem qual.
Para já,não procuro nas palavras mas nas acções,na violência da música,na obsessão de um cenário repetitivo.
Procuro algo de desmesurado.Desmesuradamente contido e,ao mesmo tempo,fora do controle.
Uma força energética.
Uma verdade.
Uma vontade desmedida.
Nada de complicado.Simples.Sempre muito simples.
Desarrumado,porém com tudo no sítio.
Descobrir o sítio das coisas,não ao certo,mas o necessário.
Vasculhar nas intenções para criar tensões.
Conceber novos métodos,recorrendo a tudo o que já se sabe para nos lembrarmos que isso já foi feito.
Voltar a reflectir sobre tudo o que até agora não passaram de impossibilidades.
Pretendo que cada um de nós se dispa de si e se perca num mundo de ilusões.
Manipular o tempo,o espaço.
Mentir descaradamente.
Provar que a magia existe sem truques.
Criar uma velocidade que não dê hipótese a reflexões.
Encaminhar tudo para a vertigem.
Conseguir que o caos se instale,não pela desordem ou sobreposição de cenas mas,como uma consequência inevitável.
Que o confortoe a tranquilidade não passem de enganosas e falsas pistas.
Queria ainda que tudo fosse encarado como um jogo lúdico,idealista,ilógico,controverso,absurdo.
Desejava que a palavra CONFIDENCIAL se tornasse mais do que um título e se desdobrasse em matéria de reflexão,individual e colectiva.Não do ponto de vista de confidência,mas do que ainda não descodificámos,do que o nosso subconsciente ainda não nos confidenciou.
Necessito de ultrapassar as minhas expectativas!
Surpreender-mo-nos é urgente!!!
Olga Roriz
Odeio-te
Odeio a forma como guias o meu corpo
Odeio que olhes para mim
Odeio as tuas botifarras de combate
e a forma como lês a minha mente
Odeio-te tanto que me sinto mal
Odeio que tenhas sempre razão
Odeio que me mintas
Odeio que me faças rir
pior ainda quando me fazes chorar
Odeio quando estás longe
e o facto de não me telefonares
mas acima de tudo
Odeio não te odiar
nem um bocadinho
nem pouco mais ou menos
sexta-feira, setembro 10, 2004
A Naifa
Musica
Como um raio a rasgar a vida, como uma flor
a florir desmedida, como uma cidade secreta
a levantar-se do chão, como água, como pão
Como um instante único na vida, como uma flor
a florir desmedida, como uma pétala dessa flor
a levantar-se do chão, como água, como pão,
Assim nasceste no meu olhar, assim te vi,
flor a florir desmedida, instante único
a levantar-se do chão, a rasgar a vida,
Assim nasceste no meu olhar, assim te amei,
vida, água, pão, raio a rasgar uma cidade secreta
a levantar-se do chão, flor a florir desmedida
Poema de José Luis Peixoto
Perigo de explosão
É melhor
fechares
os olhos,meu
amor,
antes que o
mundo
inteiro seja um
incêndio.
Os ventos todos
fechados dentro
da minha mão.
quantos ciclones
queres ?
Procurava
nos outros a
ternura,mas
só encontrava
poços cheios
de ódio e
nitroglicerina
Aquele
poema,
ao contrário
dos outros,
tinha pólvora.
só lhe faltava
o rastilho.
Éramos
rebeldes por
sistema,a sonhar uma
revoluçao por dia.à
tardinha,na esplanada,
bebiamos um
cocktail molotov.
O terrorista
apaixonado
carregava,às
escondidas,
uma bomba-
relógio.era
no peito.era o
coração
Poema de José Mário Silva
www.anaifa.com
terça-feira, setembro 07, 2004
Não há festa como esta...AVANTE
Mais um ano...desta vez perdi o dia de abertura e quando lá cheguei no sábado de manhã chovia,chovia,chovia...parecia um pesadelo!De repente...o sol apareceu,o céu ficou limpo...Um passear pelas barracas de comida que muito me saciaram,e uma pausa para ver o programa..havia muito a ver.Auditório 1º de Maio,como sempre uma boa opção para passar uma tarde,começou a carvalhesa,que era a ressaca de muitos e a alegria de outros.Johnny blues band,o nome diz tudo,uma banda de blues com muitos metais e boas versões de Muddy Waters,B.B.King,entre outros.De seguida os habituais Telectu,um duo com alguns convidados.São orientados por um programa de experimentação de diferentes soluções intrepertativas e compositativas(isto existe?).Para finalizar a tarde de sol,deitámonos na relva ,agora seca,ao lado do lago com o som de um projecto de José Eduardo,que este ano apresentava:a jazzar zeca afonso.A noite veio e com ela veio a alegria de uma noite quente e feliz...os rostos mostravam isso,é uma coisa mágnifica,ver todos juntos e por momentos tudo se torna irreal.Nunca vi uma cena de porrada no avante,muitos bebados,muito euforia,mas porrada não.Depois de provarmos tudo e mais alguma coisa,o chamado comer tudo o que tenho direito,voltámos para a relva.Neste caso para o palco 25 de Abril.Vinha aí o senhor SÉRGIO GODINHO.Um concerto bem estruturado,para uma massa jovem e energética.Um convidado igualmente bom,o Jorge Palma,tocaram e deliciaram.Antes da noite acabar ainda houve tempo para o Pedro Abrunhosa.Bem isto sim é um concerto que os portugueses gostam,muitos saltos,muitos gritos...enfim...uma coisa ninguém lhe tira,os bons músicos e de destacar o Miguel Caramelo,grande saxofonista!Para acabar então veio a tão esperada carvalhesa que já todos sabem de trás para a frente e adoram saltar.É a explusão de energia,libertamos tudo o que temos acumulado durante este tempo todo e durante 6 minutos somos todos um só ser.Para acompanhar um fogo de artifício e umas imagens nos ecrãns gigantes que levaram muitos á nostalgia dos anos anteriores.
Domingo,depois de uma busca incessante por encontrar o sítio certo para parar,lá chegámos.A rotina de ver a programação e programar tudo,para não se perder nada.É quase impossivél...o que não falta é programação e boa.Ora ele é teatro,ou dança,ou concertos...ou os toca'rufar que nós muito gostavamos de os acompanhar.
A tarde começou com uma homenagem a Pablo Neruda no café-concerto a chamada zona intelectual.A leitura de alguns poemas,fez despertar uma boa visita ás feiras do livro,discos e artesanato.Depois da desilusão dos concertos dos peste e sida e batagarri,veio a banda revelação do avante,para mim todos os anos há uma boa descoberta pelo menos e este ano a banda chama-se a naifa.Um projecto bem português,com o Luís Varatojo dos despe e siga e João Aguarela dos sitiados,a juntar a bela voz de Maria Mendes e Vasco Vaz.Letras de Adília Lopes,José Luís Peixoto,entre outros,para recorrer aos cânones do fado com um pouco de experimentalismo eletrónico.Foi a vez de voltar a terra para nos despedirmos do Cândido Mota e da última banda...os clã.Um concerto muito energético e memorável.Mas...de repente...alguém entrou no palco...com um ramo de rosas para a Manuela Azevedo e...a despedida...Tinham de sair,era tarde e tem de se respeitar que há quem tenha uma longa viagem de regresso a casa e trabalhe no dia a seguir...mas ninguém queria saber...Queriamos ficar ali,recortar aquele momento para podermos colar sempre que fosse preciso.Não foi possivél.Mais uma vez a carvalhesa e o fogo de artifício,desta vez em grande...e apesar de toda a euforia normal...a tristeza de ter de esperar mais um ano para voltar a viver tudo de novo,era visivél.Eu fiquei sem voz.Libertei tudo lá,vim em paz.
Pó ano há mais como se ouvia por todos os sitios...
Há muita coisa que podia contar e aperfeiçoar este texto,mas não quero,há momnetos e coisas que só mesmo vividas.
A frase do dia ouvida no avante(uma rapariga ao telémovel):
Olha lá,não tens de estar assim,eu também respeito as tuas ideologias políticas.Eu também não te ando a chamar fascista...
Serralves
Estive no outro dia pela primeira vez na Fundação Serralves.O museu de Arte contemporâ nea de serralves é o primeiro projecto do género em Portugal,foi inaugurado em junho de 1999,com um projecto de Álvaro de Siza.Tem uma arquitectura sóbria e única no seu ambiente natural.O Museu tem como objectivo a constituição de uma coleção de arte contemporânea de artistas portugueses e estrangeiros e a apresentação de exposições temporárias,colectivas e individuais,para estabelecer um diálogo entre os contextos artísticos nacional e internacional.O Museu tem uma área vasta e os seus espaços,estão projectados de forma a tirar o máximo de partido da combinação entre a luz natural e artificial.A Fundação serralves está sedeada num Parque com uma beleza singular,onde integra na perfeição a Casa Serralves,um edifício deco de anos 30/40,o Museu e as suas esculturas.No Museu Serralves há um diálogo constante entre a arquitectura,arte e paisagem...São criadas cumplicidades entre a subtileza dos espaços arquitectónicos e a diversidade das obras que estes acolhem.As exposições que vi eram de desconhecidos...robert Whitman...Performance e fantasia.Por estas palavras circulam as suas obras.Robert whitman interveio de forma simples nas dé cadas de 60 e 70,tendo como referências o teatro,o cinema e até mesmo o circo.
Outro deles era o Tony Cragg.A sua obra abre novos horizontes para a escultura com os seus estudos sobre a textura e materiais,combinando de uma forma mágica a intuição e a pesquisa com um obsessivo impulso criativo.A minha escultura predilecta,tinha o nome de i'm alive,de carbono!Gerry schum...Este usou a televisão como meio de apresentação e divulgação de projectos artísticos.Ready to shoot,a galeria televisiva de Gerry Schum!
" Desde a sua abertura o museu de serralves transformou o coração dos portugueses,despertou o espaço mágico em cada visitante e fez redescobrir as horas da infância transgredida.Hoje serralves é a cumplicidade eterna.Um labirinto de emoções e um retorno aos encantos do mistério íntimo,primário.É a casa em cima da árvore que sempre quis ter quando criança."
quinta-feira, setembro 02, 2004
O regresso
Porque é que regressar é tão dificil?Eram 20 horas,o autocarro esperou mais um pouco...Começámos a andar,devagar pela cidade,como se fosse uma visita guiada sem guia,como se fosse uma última oportunidade para me despedir da cidade,uma última oportunidade de ver tudo,de sentir tudo e sonhar tudo.Não fui capaz de começar a ler,por muito que soubesse que o livro era muito bom.Não fui capaz de pôr os phones por muito que soubesse que o cd era muito bom.Apenas fiquei ali,como se tivesse morrido naquele momento,a observar.Não pensei,apenas olhei,vi,observei...Tu já estavas longe de certeza,será que estavas no mesmo estado de embriaguez como eu?Olhei para o céu,a lua estava lá,grande,cheia e redonda!Há meses que não a via,ou simplesmente não tinha tido tempo para ela,ás vezes acontece!Saí da cidade...tinha várias horas de viagem ainda pela frente,então precisei de ganhar forças...pus os phones e continuei a observar.A banda sonora não podia ser melhor,para a nostalgia que me invadia...por vezes fechava os olhos,não com sono,mas sim para me lembrar e visualizar dos muitos momentos bons daquela tarde!Uma tarde de tempo maravilhoso,um sol fugidiu,umas nuvens que passavam rapidamente,uma chuva que nunca caiu,um calor que nunca chegou.E a arte...Arte e natureza,um conjunto fantástico,um complemento magnifico que caí no meu mundo como perfeição do meu ser.Uma conversa simples sem nada de muito complexo...uma rotina que não existe.
E ali ficou o momento...Ali ficou muita coisa...
ONE DAY THERE'LL BE A PLACE FOR US...