Altos e Baixos:
Na praia,ao ver o divertimento de um pequeno miúdo, a subir um declive, só para depois descer, rindo ao subir e rindo ainda mais na descida, algo tocou-me profundamente e deixou-me a pensar...
Ele estava apenas a viver a experiência, sem classificá-la, a sentir como era subir e depois descer, a perceber a diferença, triunfante em ambos os casos, tomado pela simples Alegria de Ser o momento. Ele não tinha medo da subida nem da descida, acompanhava ambas as situações com o mesmo entusiasmo.
Viver, mas viver mesmo, com toda a paixão, todo o empenho, toda a vontade.
É que temos a tendência de travar a subida com medo de não sermos capazes de assumir a responsabilidade que advém do chamado "sucesso" - aliás, até mesmo por nem sequer termos a certeza se merecemos o referido "sucesso" e...medo que ele nos seja "roubado". Por vezes nem queremos subir mais alto pois cremos que "quanto mais alta a subida, maior é a queda" claro...Mas tendemos a classificar a queda de má, terrível! E assumimos que temos que cair até ao fundo, nem colocamos a hipótese de ficarmos algures a meio da montanha, para depois subir de novo.
Temos a tendência, assim, de travar a descida por antecipação de todas as mágoas,dores, desgostos, etc...sofridos "lá em baixo". Fazemos tudo isto por não aceitarmos as experiências tal como são, e ainda...por adorarmos colorir a vida com dramas "divertidos" ainda que sofridos.
Até nos darmos conta disto e escolhermos outra forma de estar nos momentos do AGORA, a adrenalina do drama mantém-nos acesos, com a impressão de que estamos realmente a viver. A viver intensamente...mas a que preço?
A vista que se desfruta desde o cimo de um monte é precisamente majestosa em si e por si. Um todo sublime. É lá em baixo onde o rio corre, a água não sobe, desce.
O momento mais divertido da montanha russa é a descida. As crianças sobem algo apenas para descer divertidos...
E tudo descansa e nutre-se lá em baixo, para ganhar fôlego para subir de novo até ao topo. Ainda que lá no alto o ar seja pouco denso, o triunfo de alcançar o topo da montanha enche de vida todo o Ser.
Quanto é bela a vida...colorida...majestosa. Não precisa de dramas para a enfeitar e tornar mais excitante pois ela é para além de todas as palavras faladas ou imaginadas.
O que seria de nós sem os Montes?
O que seria da Primavera sem o Inverno?
O que seria do branco sem o preto?
O que seria de mim sem ti?
O um nunca seria tanto sem o outro.
Pensa nisto...
Tal como a pequena criança pode escolher como quer subir e como quer descer, saboreando a glória de cada passo. Mas saboreando e vivendo em plenitude.
Que dádiva magnífica é a VIDA!
Tudo é pleno, completo e perfeito!