Nas palavras que escrevi permanece aquilo que pensei durante um momento, ou durante um ano, ou durante a vida toda. Nas palavras que escrevi permanece aquilo que fui, aquilo que nada sei se ainda sou.
Perguntou-me o que é que eu escrevia nos livros. Respondi-lhe que me escrevia a mim. Escrevo-me.
Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou.
Escrevo-me nas palavras ridículas: amor, esperança, estrelas, e nas palavras mais belas: claridade, pureza céu. Transformo-me em palavras.
Ele olhou-me, e tudo isto ele sabia antes de me ter perguntado.
Descrevi-lhe o corpo.
Descrevi-lhe o silêncio.
Porque nas palavras escritas tocávamo-nos realmente.
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