segunda-feira, maio 02, 2005

(...)Quando escutava ela olhava para quem estivesse a falar com a máxima concentração.Quando falava, punha nisso toda a sua energia.Parecia fazer tudo duas vezes mais energicamente do que qualquer outra pessoa- até os seus olhos eram de um azul mais brilhante do que qualquer outro que Anna tivesse visto.(...)

(...)O piano fora-se...as cortinas da sala de jantar às flores...a sua cama...todos os seus brinquedos incluindo o Coelho Cor- de-Rosa.Por momentos sentiu-se terrivelmente triste por causa do Coelho Cor-de-Rosa.Tinha os olhos negros bordados,os olhos de vidro originais tinham caído havia anos e um modo adorável de se prostar nas suas patas.O seu pêlo, embora já não fosse muito rosado,tinha sido macio e familiar.Como podia ela ter escolhido emalar em vez dele aquele cão peludo sem carácter?Tinha sido um erro terrivél,e agora nunca mais poderia corrigi-lo.

Judith Kerr, Quando Hitler me roubou o coelho cor-de-rosa