terça-feira, novembro 16, 2004

Cidade de luz

Lisboa:
A luz da Arte
a sua luz, o seu tejo, as suas casas, triangulam uma realidade cujo fascínio tem tocado habitantes da cidade, artistas e forasteiros.
A luz de Lisboa, infiltrando-se consciente ou inadvertidamente nos que nela vivem ou se movimentam,tem sido, porventura, o principal estímulo da criatividade, verificada em diferentes momentos históricos.Descrições a apontamentos pictóricos da cidade, por nacionais e estrangeiros, em épocas remotas, parecem confirmá-lo.
Clara, quente, serena (por vezes subtil), límpida, nevoenta, amarela de sol, azulada ou esverdeada de rio, cinzenta ou branca de gaivotas, a luz de Lisboaespalha-se pelas ruas sem sombras, infiltra-se nas janelas ribeirinhas, quebra-se nas esquinas e refugia-se nos recantos da urbe antiga.(...)
Margarida Matias - professora de história de arte

A luz singular
Alain Tanner, suiço, filmou Lisboa e chamou-lhe A Cidade Branca.A referência mantém-se, mesmo passados vinte anos.Mas porque será que falamos sempre na luz de Lisboa?porquê o singular?Há trinta anos que olho e não vejo nada igual.
Escrevo a olhar para a janela e descubro-me cego.A ausência (quase) total de cor, em tudo se esbate e a luz nadfa agarra.Amanhã será diferente;ou ainda hoje, provavelmente.
Teremos uma doce manhã azul como a chama de gás a arder?Ou uma tarde cortante de sombras cravadas no chão que os olhos semicerrados mal podem ver?Filmar em Lisboa é viver nessa permanente incógnita.Momentos em que basta deixar entrar luz na objectiva para que mil cores se imprimam na película...horas passadas à espera que a luz mude e só uma cor se distinga...E nós sempre com a câmara apontada,à espera de uma só coisa:aquele tempo em que a luz é perfeita e ninguém consegue perceber onde acaba o rio e começa o céu.
Gonçalo Teles - Cineasta

A luz que mata
Em 1666, Sir Isaac Newton verificava que a luz do sol, quando incidia numa surperfície biselada de vidro, em parte se reflectia e em parte se desdobrava numa sequência de cores idêntica à arco-íris.
Lisboa, como um vidro, reflete a luz transformando a paisagem urbana numa trama colorida.Não é uma cidade branca.Lisboa é um cenário dourado quando o Outono permite o sol rebatido nas colinas encavalitadas sobre o Tejo.Em menino pensava Lisboa em tons cinzentos.A memória traz-me uma cidade sem cor, mas de luz coada por ruas rasgadas entre casas.Em Alfama há dias do ano em que triângulos de luz desenham o volume das coisas e as gentes surgem de sombras duras.Habituei-me a olhar as fotografias de Gerard Castello-Lopes, feitas nos anos 50, quando eu ia com a minha mãe ver os barcos ao Cais das Colunas.A luz, incontornável, era uma sinfonia bem temperada de barcos puros, negros profundos e meios-tons infinitos, só possível nas tiragens fotográficas do impressor parisiense Steinmetz.
Quando o nevoeiro paira sobre a baixa pombalina, o movimento da cidade torna-se mais lento.Há mais desenho.Fotografar é como riscar carvão num papel disponivél ao instante.Foi Mestre Lagoa Henriques que me despertou para este equilíbrio de formas e ritmos que é possivél esboçar num ápice com traço certeiro.Com Henri Cartier-Bresson aprendi a urgência que há no acto de fotografar: congelar o instante com essa matéria divina que é a luz.E o mestre soube fazê-lo em 56 nesta Lisboa triste e alegre com Tejo e tudo, lembrando-me também das granulosas imagens dos arquitectos-fotógrafos Vitor Palla e Costa Martins, cronistas desse tempo.Numa manhã de 1998 acordei com o nascer do sol.Era o último dia da Expo.Uma figura entrava no meu enquadramento cortando o silêncio.Disparei.Ao fundo o rio renascia e a gloriosa ponte Vasco da Gama lançava-se para a história.Bendita luz dos tempos!Lisboa permanece no seu mistério.Há quem diga que é a luz, há quem diga que é o fado.É uma olhar de princesa que enfeitiça e mata.Definitivamente.
Luiz Carvalho - Fotógrafo

2 Comments:

At quarta-feira, novembro 17, 2004 1:22:00 da tarde, Blogger Soma Adicta said...

olá! teins um blog muito fixe. estoy no Lisboa um mes ha e acho que e muito muito gira. gosto muito a mixtura das ruas velhas e medio rotas con a parte mais nova e tecnológica. gostas da banda disenhada de lenore? beijos

 
At quarta-feira, novembro 17, 2004 8:16:00 da tarde, Blogger Lenore said...

Obrigado!Espero que te divirtas muito em Lisboa,porque sem duvida que é uma cidade fantástica.Quanto á banda desenhada,eu gosto muito de banda desenhada e claro a magnifíca lenore...

 

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