quarta-feira, novembro 07, 2007


Para ficarem com a imagem dela para sempre... com o eterno brilhozinhos nos olhos... ou como diriam os Xutos que a minha mana adora... "esta mesmo aqui ao lado"!

A Maura...

15 June 2007
Hasta la vitoria, siempre...

O mundo invisível sempre exerceu um enorme fascínio. É mágica a ideia da continuidade de uma certa forma de existência após a morte do corpo físico.
Há teorias aos milhares, umas desinteressantes, outras a que apetece entregar totalmente. Porém, teoria alguma acalma o choque do confronto com o extremo.
A tarde de ontem foi uma espécie de déjà-vue.
Pela segunda vez em tão pouco tempo, a minha rotina no escritório foi quebrada por uma notícia dolorosa, sussurrada ao auscultador de um telefone. Num instante, tudo aquilo em que penso que acredito foi novamente posto à prova.
E novamente senti reforçadas todas as minhas crenças! Permito-me sentir o choque, os nervos, um certo descontrolo emocional, porque é isso que me faz sentir que vivo e que sinto. É natural desejarmos chorar e sentir uma breve loucura quando tomamos consciência de que alguém especial para nós se foi embora...
A Maura é daquelas pessoas que se enfia na nossa vida assim que começamos a conversar com ela.
A dar energia aos molhos, é difícil que se nos passe despercebida. Estar no mesmo espaço com ela é partilhar os extremos de alegria e de tristeza, de amor e de ódio. Mas são aquelas suas asas imensas, uma vontade louca de viver tudo num segundo, de despir a camisola para oferecer sem ver a quem, de se assumir com total independência que fazem desta rapariga alguém cuja memória somos obrigados a guardar para o resto da vida.
A Maura teve um fim trágico, muito trágico. Porém, quando olhamos para o seu percurso, constatamos que a sua partida reflecte a sua maneira de ser e de estar na vida. Não importam os detalhes, os quês e os porquês, porque não é isso que a trará de volta para se despedir de mim todos os dias com um "hasta", seguido de "passalo bien!".
Eu só desejava que o seu último sentimento tivesse sido de alegria, antes de dizer o adeus final naquela noite...
Sei, por experiência própria, que em breve vou sentir a Maura com uma grande paz. Porquê? Será porque sei bem qual é o tamanho (insignificante!) que tenho no universo? Ou porque sei-me não ser um juiz para julgar a vida dos outros e, principalmente, os desígnios que me são incomensuravelmente superiores? Ou ainda porque não me coíbo de passar a pente fino tudo o que vivi com essa pessoa, de bom e menos bom que ela tinha, mas sem qualquer censura? Ou será apenas porque sei que essa pessoa regressou a "casa" e a um mundo bem melhor do que este que deixou, em vez de me torturar com pena de mim própria como se tivesse sido abruptamente abandonada?
Maura, desejo-te uma boa viagem. E agradeço cada minuto feliz que passei contigo, apesar de teres sido uma passagem breve na minha vida. Mas pessoas como tu morrem cedo e marcam muito - pela positiva. Pronto, vais agora partilhar a tua boa disposição com os anjos; também merecem!


E... hasta la vista, siempre!

1 Comments:

At quarta-feira, novembro 07, 2007 11:50:00 da manhã, Blogger Joana said...

Sei o que é sentir a perda de alguém que nos é muito querido. Alguém que partilhou connosco os poucos minutos que viveu neste mundo. Alguém que nos modificou e nos tornou melhor.
A raiva que nos invade nos primeiros momentos. A questão do porquê, que é tantas e tantas vezes repetida. E só depois a calma, o saber que partiu para algo melhor, que a alma está em paz e retomou o seu caminho. E cá ficamos com a memória, um sorriso, um brilho no olhar, um adeus...
E quando nos fica a dor de não ter dado aquele ultimo adeus, de não ter dito que a amavámos e que nos ensinou muito? Fica a frustação de o não ter dito mais vezes e fica a dúvida se essa pessoa o sabia.
Perdi recentemente alguém de quem gostava muito. Já estava tão habituada à sua companhia que só quando morreu me apercebi de quanta falta me fazia.
Chorei, gritei e esperneei. Soltei a fúria que tinha em mim sem saber contra quem lutar.
Depois veio a calma. O saber que ele fez o seu caminho e que agora pode guiar o meu.
Mas o sentimento de falta continua sempre. Agora vejo os filmes caseiros que deixou e relembro a alegria com que viveu cada momento. Mas sei que ainda não o deixei partir totalmente. Através de gestos tão simples como o ainda não ter sido capaz de apagar o seu número de telemóvel.
A vida é uma roda. Resta-nos aproveitar da melhor maneira o tempo que nos é dado, para nós e para os outros, e nunca esquecer de dizer o quanto os amamos. Eu aprendi isso.

Um beijo enorme
aonja

 

Enviar um comentário

<< Home