Ele dirigiu-se à mamã.Claro.Os adultos preferem falar uns com os outros, sempre por cima da minha cabeça,como se eu não existisse.
- Já sabe que a sua pequena tem uma falha genética?- perguntou ele.
A mamã murmurou, quase como se tivesse vergonha:
- Claro, tem os olhos de cores diferentes...
Observei o médico. Ele respondeu às palavras da mamã acenando afirmativamente.Ah!,então era isso.Ele dissera que era uma falha.Eu já conhecia essa palavra, pois de vez em quando havia uma tabuleta pendurada no elevador do nosso prédio.Dizia «falha técnica». Sempre que o elevador não funcionava e não servia para nada.As pessoas,principalmente as dos andares superiores,davam de caras com aquilo,chateavam-se e insultavam o elevador avariado.Não admirava que eu tivesse tantos problemas com os meus colegas e outras crianças da minha idade.Agora já sabia porquê:eu tinha uma falha.
Tina Groube in Não me olhes nos olhos
(É assim que eu me sinto...com uma grande falha...)
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