quinta-feira, julho 26, 2007


Um dia comentaste comigo que nunca olhava para trás quando me despedia de ti, o que não corresponde à realidade, mas, ontem, decidi acompanhar o teu percurso meio apresado de quem não quer perder o barco.
Acompanhei-te e quando te perdi de vista, acendi um cigarro, liguei o MP3 para recordar as músicas à pouco ouvidas numa Sala e deixei-me ficar.
Avistei o teu barco e deixei-me ficar.
Fiquei ali a fumar cigarros e a ver o tempo passar.
Fiquei ali a ver as outras pessoas na azafama das suas vidas.
Vi turistas e solitários que como eu precisavam de estar perto da água.
Ver e estar.
Ficar.
Depois, lentamente, dirigi-me para a paragem, abriguei-me do vento e mais uma vez esperei.
Observei as estátuas do Arco em restauro.
E elas com os olhos cansados de verem histórias, olhavam para mim com um ar de compreensão que me levaram a outros tempos.
Entrei no último autocarro e segui para casa.

Ela dizia que eu só podia ser louca em andar por Lisboa às tantas da manhã sozinha.
Mas quem na realidade irá fazer mal a uma louca como eu? Medo do quê?
Nós, os solitários temos a mesma linguagem silenciosa e é só nestes momentos em que Lisboa serve para nos acompanhar e acalmar.
Eu, precisava de ter uma noite calma.
E senti-me mais calma...

2 Comments:

At quinta-feira, julho 26, 2007 6:39:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Custa muito (ter que) olhar para trás.
Dói que se farta!

 
At sexta-feira, agosto 03, 2007 1:57:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Penso exactamente de forma contrária.
Olhar deverá ser um acto tão natural quanto respirar, beber um copo de água, sentir.
Custa muito mais olhar e não ser olhado...mas ainda assim, não sentir de todo...ora aí está o abismo existencial de tudo o que poderíamos ter sido...e ficou por cumprir.

...mas...o que sei eu?...

 

Enviar um comentário

<< Home