quinta-feira, novembro 10, 2005

Pensava eu


Que com uma boa dose de medicação, me iria aguentar! Que poderia ver-te e rever-te e estar a sorrir ao teu lado, mesmo que um pouco drogada. Como da outra vez que tive forças, aguentei tudo e só desmoronei quando chegava a casa, em que não magoava ninguém.
Desta vez, por mais que haja bonequinhos a explicarem o estado de cada um, eu não me mentalizei para o que ia ver. Custa tanto...Eu não queria ter ido, mas tinha de estar lá e dar-te o meu sorriso que sei que tanto gostas, dar-te a minha energia e força. Mas ao entrar e encontrar-te naquele estado, não aguentei! A M. também não aguentou, mas eu inocentemente não pensei que fosso por isso, pensei que ela quisesse que eu o fizesse rir.
Entrei.
Ainda nem tinhas acordado.
Não aguentei, eu não sei lidar com estas coisas.
As forças desapareceram todas, o meu sorriso transformou-se num mar de lágrimas.
Ainda bem que não acordaste naquela altura, não quero que me vejas a chorar, não podes ver!
A equipa quando me viu naquele estado lastimoso veio para perto de mim e explicou-me tudo como se eu tivesse 5 anos. Resultou, fui-me acalmando e as lágrimas reduziram.
Fecharam-me as cortinas para poder estar mais à vontade e depois a senhora muito simpática disse-me: -Pode chegar-se perto dele!
Eu ganhei coragem, limpei as lágrimas envergonhadas que escorriam pela minha cara demasiado vermelha, e toquei-te.
Toquei-te na mão. Eu sempre fui fascinada por mãos e as tuas são das mais belas que eu alguma vez vi.
As tuas mãos estavam demasiado frias, muito frias, frias demais para o quente que eu tinha no meu corpo e para o que te queria transmitir. Fiz umas quantas festinhas a medo, como se fosses alguém que eu não conhecesse, mas a realidade é que estava em pânico para te ver acordado, tinha medo de voltar a cair. Tive contigo o tempo que achei suficiente.
Quando sai encontrei-me com a M. que me disse: -Bem tiveste lá muito tempo, mas pelos vistos também te foi difícil! Eu não consigo...O P. Entrou de seguida e também não se demorou. Eu queria ter ficado ali, com ele, mas todos sabíamos que não havia nada a fazer senão esperar pelo dia de hoje!
Hoje?
Hoje redobrei a minha medicação e ando a todo o custo ver se choro tudo em casa, para acabar com estas lágrimas que me perseguem. Para, meu querido, se eu hoje chegar perto de ti e estiveres acordado, eu poder sorrir. Aguentar-me a dar força a todos. Poder tocar-te tranquilamente nas mãos e brincar com elas. Brincar contigo. E no final de tudo dar força à M. que bem precisa.
Mas isto tudo é muito dificil, para mim é muito difícil....

2 Comments:

At quinta-feira, novembro 10, 2005 4:54:00 da tarde, Blogger M de M said...

"Jamais desesperes, mesmo perante as mais sombrias aflições de sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda."

Provérbio japonês, porque por mais que me esforçe não consigo explicar-te que as coisas podem ser diferentes...

Beijo e coragem!

 
At quinta-feira, novembro 10, 2005 7:18:00 da tarde, Blogger indigente andrajoso said...

so faz bem extrapolar os nossos sentimentos, so assim eles ficam tranquilos, não tenhas medo de explodir a vida faz-se disso, trancar ca dentro é pior.

so uma um aviso á navegação, a medicação faz parte de um tratamento que dura meses, 3, 6, 9,12, 24,etc. não é para se tomar a vulso nem para redobrar, nem quando te sentes bem, so no fim da receita.

um beijo

 

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