O AMOR AO CANTO DO BAR VESTIDO DE NEGRO
A volúpia de um repouso total no odor da menina que coleccionou beijos, lábios,
dentes. De mamilos ao vento e saltos altos cheios de sorrisos e suspiros.
A luta sublime - touché direito ao coração, direito ao pé esquerdo.
Conversas sem fim sobre as palmas das mãos embriagadas de cartas de amor.
A recordação dos homens que apalpam o batimento das ondas com o desejo
excessivo das manhãs adormecidas sem segredos.
A casualidade de um vestido de noite maquiado de ciúme, que brinda ao tempo a
passar com o seu olhar cego e perfumado.
As flores e os presentes confessados que se afastam num palpitar curioso de um pulso
de mulher.
Os príncipes protegidos pela música que estremece contra as paredes inquietas da
infância.
E esse veludo carmesim que se desfaz, colado ao espelho do batom a girar à volta das
nossas loucuras.
Olga Roriz
2 de Março de 2005
ESPERA POR MIM
Não te esqueças de esperar por
mim!Espera com toda a força.
Espera até a pedra amolecer e o
Verão se tornar frio.
Espera até que as flores comecem
a sorrir.
Até as crianças deixarem de
crescer,a manhã não nascer e a
chuva não te molhar.
Espera até que dos livros
desaparecerão todas as palavras e
o mar se desfaça em pó.
Espera por mim até os teus olhos
mudarem de cor e os cabelos se
enrolarem nos dedos dos pés.
(...)
Olga Roriz e Catarina Câmara
Fev./Maio 2005
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